Índice da Página Informação Sobre Medicamentos Psiquiátricos :
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Psicofármacos - Breve Guia dos Medicamentos Mais Utilizados na Psiquiatria
1. Introdução
As células cerebrais designam-se por Neurónios. Estas células comunicam entre si nas sinapses e transmitem o impulso nervoso (que é um impulso eléctrico) através de sinais químicos que se designam de Neurotransmissores.
Os Neurotransmissores estimulam ou inibem os vários neurónios, modulando desta forma a sua acção. A acção dos Psicofármacos dá-se pela interacção com os receptores dos vários neurotransmissores.
Como exemplos de Neurotransmissores temos a Serotonina, a Dopamina, a Noeadrenalina, a Acetilcolina, a Histamina, o GABA, o Glutamato entre muitos outros.
2. Tipos de Psicofármacos
3. Ansiolíticos / Hipnóticos
Os Ansiolíticos são medicamentos que controlam a Ansiedade ao passo que os Hipnóticos são medicamentos cujo objectivo é a indução do sono.
Entre os fármacos com propriedades Ansiolíticas encontram-se:
As BZD´s foram introduzidas nos anos 60 e encontram-se entre os fármacos mais prescritos na actualidade. Exercem actividade ansiolítica, hipnótica, relaxante muscular e anticonvulsivante em maior ou menor grau consoante a sua estrutura molécular. As BZD !s exercem um efeito Ansiolítico rápido e eficaz, mas induzem dependência física e psicológica. O tratamento crónico com BZD´s não é recomendado, devem sem utilizadas por períodos de tempo o mais curtos possíveis e de preferência em SOS.
Há alguns cuidados a ter quando estas substâncias são precritas dado o risco de depêndencia e de dificuldades cognitivas (principalmente memória).
Existem muitas BZD ́s no mercado sendo as mais utilizadas:
SICAD - Benzodiazepinas
Os Antidepressivos SSRI ́s mais utilizados no tratamento das Perturbações de Ansiedade são: Paroxetina, Escitalopram, Sertralina, Citalopram e Fluvoxamina. Os Antidepressivos SNRI ́s utilizados nestas doenças são a Venlafaxina e a Duloxetina.
Actualmente um dos fármacos mais eficazes no tratamento da Ansiedade é a Pregabalina. Este fármaco não induz dependência e é bem tolerado. A Pregabalina e a Gabapentina são medicamentos que actuam de forma distinta dos outros Psicofármacos. Estes medicamentos são designados por moduladores dos canais de cálcio e também apresentam actividade anticonvulsivante e analgésica.
A Buspirona (Buspar®, Ansiten®) é um ansiolítico que não induz a dependência causada pela maioria das BZD´s.
Os Ansiolíticos então indicados nas Perturbações de Ansiedade e noutros quadros médicos ou psiquiátricos em que existam sintomas de Ansiedade.
As Perturbações de Ansiedade incluem:
Entre as substâncias utilizadas como hipnóticos encontram-se as BZD´s, o Zolpidem(Stilnox®) e os Antidepressivos com perfil sedativo.
Em casos de insónia mais grave podem ser utilizados como adjuvantes Neurolépticos sedativos (Tercian®, Nozinan®, Bunil®) ou Antipsicóticos Atípicos.
Os Antihistamínicos (ex: Hidroxizina-Atarax®) possuem efeitos hipnóticos e baixa toxicidade pelo que a sua utilização é segura.
4. Antidepressivos
Os Inibidores da Monoaminoxidade (MAOi) foram os primeiros fármacos com propriedades Antidepressivas a serem utilizados. Estes medicamentos inibem a Monoaminoxidade (enzima responsável pela destruição das vários Neurotransmissores) e assim aumentam a quantidade de Neurotransmissores disponíveis na Sinapse. Estes fármacos demonstravam-se eficazes mas tinham elevada toxicidade e risco de interacções medicamentosas e alimentares. Neste contexto a sua utilização clínica era restrita.
Os Antidepressivos Tricíclicos apareceram no final dos anos 50 do século XX. O primeiro Antidepressivo desta classe e a ser descoberto foi a Imipramina. A sua actividade antidepressiva ocorre por inibição da recaptação da Serotonina e da Noradrenalina.
Exemplos de Antidepressivos Tricíclicos :
Nos anos 80 foi descoberta a Fluoxetina (Prozac), o primeiro Inibidor Selectivo da Recaptação da Serotonina (SSRI). Este medicamento assim como os outros desta classe revolucionaram o tratamento da Depressão e de outras doenças psiquiátricas como as Perturbações de Ansiedade. São fármacos seguros e eficazes no tratamento da Depressão e apresentam baixa incidência de efeitos adversos.
Mais recentemente apareceu uma nova classe de Antidepressivos designados de SNRI ́s. Entre estes encontram-se a Venlafaxina (Efexor®, Zarelix®) e a Duloxetina (Cymbalta®). A sua actividade antidepressiva ocorre por inibição da recaptação da Serotonina e da Noradrenalina.
Os Antidepressivos estão indicados não só na Depressão Major, mas também:
Pertencem à classe dos SSRI´s:
Regras Gerais de Terapêutica Antidepressiva:
O efeito terapêutico dos antidepressivos tipicamente ocorre após 3 a 4 semanas de toma contínua. O tratamento antidepressivo deve manter-se pelo menos 6 meses após a remissão do quadro clínico. O risco de recaída é extremamente elevado se ocorrer paragem da medicação antes deste período. É necessário fazer um desmame do fármaco gradualmente, na maioria dos Antidepressivos, antes de os suspender.
5. Estabilizadores do Humor
Os Estabilizadores do Humor, como o nome indica, estabilizam o Humor. Estão indicados principalmente no tratamento da Doença Bipolar.
O Lítio foi o primeiro fármaco a demonstrar eficácia como agente Antimaníaco e é considerado o Estabilizador do Humor clássico. Foi durante várias décadas o fármaco padrão no tratamento da Doença Bipolar. É um fármaco em que é necessário monitorização sanguinea dos seus valores (litiémia).
São ainda utilizados no tratamento da Doença Bipolar Anticonsulsivantes como a Carbamazepina (Tegretol®) e o Valproato de Sódio (Ácido Valpróico, Valproato Semisódico, Divalproato de Sódio, Diplexil®, Depakine®).
São ainda utilizados como adjuvantes no tratamento da Doença Bipolar Anticonvulsivantes como o Topiramato, a Lamotrigina e a Gabapentina.
Recentemente foi demonstrado que os Antipsicóticos Atípicos (Olanzapina, Quetiapina, Risperidona, Ziprazidona, Aripiprazol, Zotepina) possuem propriedades estabilizadoras do Humor e actualmente são muito utilizados no tratamento da Doença Bipolar.
Os Estabilizadores do Humor estão índicados no tratamento da Doença Bipolar tipo I e tipo II, na Manía Disfórica, nos Estados Mistos, na Perturbação Ciclotímica e na Doença Esquizoafectiva.
Para saber mais sobre o tratamento com Lítio:
http://www.adeb.pt/pages/litio-doenca-bipolar
Tratamento com Valproato:
http://www.adeb.pt/pages/tratamento-com-valproato
Podem ser utilizados como adjuvantes na terapia antidepressiva quando esta por si só não se mostra eficaz.
Como exemplos de Estabilizadores do Humor temos:
6. Antipsicóticos
A Clorpromazina foi o primeiro Antipsicótico a ser descoberto (1953). Estes fármacos foram inicialmente designados de Neurolépticos devido à inibição psicomotora que induziam. São fármacos muito eficazes no tratamento da Esquizofrenia e de outras perturbações psicóticas.
Estes medicamentos reduziram drasticamente o número de internamentos e permitiram a desinstitucionalização de muitos doentes.
Com o advento dos Antipsicóticos Atípicos, o termo Neuroléptico passou a ser sinónimo de Antipsicótico Clássico. Os Antipsicóticos Atipicos são medicamentos mais recentes, a sua utilização clínica iniciou-se na década de 80 do seculo XX. O primeiro a ser descoberto foi a Clozapina. São medicamentos melhor tolerados pelo organismo e apresentam maior espectro de acção, actuam nos sintomas positivos e negativos da Esquizofrenia.
Estes medicamentos estão indicados em qualquer doença do foro médico ou psiquiátrico que curse com sintomas psicóticos.
Antipsicóticos Clássicos ou Típicos:
As células cerebrais designam-se por Neurónios. Estas células comunicam entre si nas sinapses e transmitem o impulso nervoso (que é um impulso eléctrico) através de sinais químicos que se designam de Neurotransmissores.
Os Neurotransmissores estimulam ou inibem os vários neurónios, modulando desta forma a sua acção. A acção dos Psicofármacos dá-se pela interacção com os receptores dos vários neurotransmissores.
Como exemplos de Neurotransmissores temos a Serotonina, a Dopamina, a Noeadrenalina, a Acetilcolina, a Histamina, o GABA, o Glutamato entre muitos outros.
2. Tipos de Psicofármacos
- Ansiolíticos / Hipnóticos
- Antidepressivos
- Antipsicóticos
- Estabilizadores do Humor
3. Ansiolíticos / Hipnóticos
Os Ansiolíticos são medicamentos que controlam a Ansiedade ao passo que os Hipnóticos são medicamentos cujo objectivo é a indução do sono.
Entre os fármacos com propriedades Ansiolíticas encontram-se:
- Benzodiazepinas (BZD ́s)
- Buspirona
- Antidepressivos SSRI ́s e SNRI ́s
- Pregabalina (Lyrica®)
- Gabapentina (Neurontin®)
As BZD´s foram introduzidas nos anos 60 e encontram-se entre os fármacos mais prescritos na actualidade. Exercem actividade ansiolítica, hipnótica, relaxante muscular e anticonvulsivante em maior ou menor grau consoante a sua estrutura molécular. As BZD !s exercem um efeito Ansiolítico rápido e eficaz, mas induzem dependência física e psicológica. O tratamento crónico com BZD´s não é recomendado, devem sem utilizadas por períodos de tempo o mais curtos possíveis e de preferência em SOS.
Há alguns cuidados a ter quando estas substâncias são precritas dado o risco de depêndencia e de dificuldades cognitivas (principalmente memória).
Existem muitas BZD ́s no mercado sendo as mais utilizadas:
- Alprazolam (Xanax®)
- Lorazepam (Lorenin®)
- Diazepam (Valium®)
- Mexazolam (Sedoxil®)
- Victan®
- Flurazepam (Morfex®, Dalmadorm®)
SICAD - Benzodiazepinas
Os Antidepressivos SSRI ́s mais utilizados no tratamento das Perturbações de Ansiedade são: Paroxetina, Escitalopram, Sertralina, Citalopram e Fluvoxamina. Os Antidepressivos SNRI ́s utilizados nestas doenças são a Venlafaxina e a Duloxetina.
Actualmente um dos fármacos mais eficazes no tratamento da Ansiedade é a Pregabalina. Este fármaco não induz dependência e é bem tolerado. A Pregabalina e a Gabapentina são medicamentos que actuam de forma distinta dos outros Psicofármacos. Estes medicamentos são designados por moduladores dos canais de cálcio e também apresentam actividade anticonvulsivante e analgésica.
A Buspirona (Buspar®, Ansiten®) é um ansiolítico que não induz a dependência causada pela maioria das BZD´s.
Os Ansiolíticos então indicados nas Perturbações de Ansiedade e noutros quadros médicos ou psiquiátricos em que existam sintomas de Ansiedade.
As Perturbações de Ansiedade incluem:
- Perturbação de Pânico
- Agorafobia
- Fobia Específica
- Fobia Social
- Perturbação Obsessivo-Compulsiva
- Perturbação de Stress Pós-Traumático
- Perturbação Aguda de Stress
- Perturbação de Ansiedade Generalizada
- Perturbação de Ansiedade secundária a uma doença física
- Perturbação de Ansiedade induzida por substâncias
Entre as substâncias utilizadas como hipnóticos encontram-se as BZD´s, o Zolpidem(Stilnox®) e os Antidepressivos com perfil sedativo.
Em casos de insónia mais grave podem ser utilizados como adjuvantes Neurolépticos sedativos (Tercian®, Nozinan®, Bunil®) ou Antipsicóticos Atípicos.
Os Antihistamínicos (ex: Hidroxizina-Atarax®) possuem efeitos hipnóticos e baixa toxicidade pelo que a sua utilização é segura.
4. Antidepressivos
Os Inibidores da Monoaminoxidade (MAOi) foram os primeiros fármacos com propriedades Antidepressivas a serem utilizados. Estes medicamentos inibem a Monoaminoxidade (enzima responsável pela destruição das vários Neurotransmissores) e assim aumentam a quantidade de Neurotransmissores disponíveis na Sinapse. Estes fármacos demonstravam-se eficazes mas tinham elevada toxicidade e risco de interacções medicamentosas e alimentares. Neste contexto a sua utilização clínica era restrita.
Os Antidepressivos Tricíclicos apareceram no final dos anos 50 do século XX. O primeiro Antidepressivo desta classe e a ser descoberto foi a Imipramina. A sua actividade antidepressiva ocorre por inibição da recaptação da Serotonina e da Noradrenalina.
Exemplos de Antidepressivos Tricíclicos :
- Clomipramina (Anafranil®)
- Imipramina (Tofranil®)
- Amitriptilina (ADT®, Tryptizol®)
- Nortriptilina (Norterol®)
- Maprotilina (Ludiomil®)
- Doxepina (Quitaxon®)
- Trimipramina (Surmontil®)
Nos anos 80 foi descoberta a Fluoxetina (Prozac), o primeiro Inibidor Selectivo da Recaptação da Serotonina (SSRI). Este medicamento assim como os outros desta classe revolucionaram o tratamento da Depressão e de outras doenças psiquiátricas como as Perturbações de Ansiedade. São fármacos seguros e eficazes no tratamento da Depressão e apresentam baixa incidência de efeitos adversos.
Mais recentemente apareceu uma nova classe de Antidepressivos designados de SNRI ́s. Entre estes encontram-se a Venlafaxina (Efexor®, Zarelix®) e a Duloxetina (Cymbalta®). A sua actividade antidepressiva ocorre por inibição da recaptação da Serotonina e da Noradrenalina.
Os Antidepressivos estão indicados não só na Depressão Major, mas também:
- Perturbação de Pânico
- Perturbação Obsessivo-Compulsiva
- Bulímia Nervosa
- Anorexia Nervosa
- Stress Pós-Traumático
- Perturbação de Ansiedade Generalizada
Pertencem à classe dos SSRI´s:
- Fluoxetina (Prozac®, Digassim®, Tuneluz®, Psipax®,etc.)
- Paroxetina (Seroxat®, Paxetil®)
- Fluvoxamina (Dumirox®)
- Sertralina (Zoloft®)
- Escitalopram (Cipralex®)
- Citalopram
- Trazodona (Trazone®, Triticum®)
- Mianserina (Tolvon®)
- Mirtazapina (Remeron®)
- Buproprion (Zyban®, Elontril®, Wellbutrin®)
- Agomelatina (Valdoxan®)
- Reboxetina (Edronax®)
- Amisulpride (Socian®)
- Milnacipran (Ixel®)
- Tianeptina (Stablon®)
Regras Gerais de Terapêutica Antidepressiva:
O efeito terapêutico dos antidepressivos tipicamente ocorre após 3 a 4 semanas de toma contínua. O tratamento antidepressivo deve manter-se pelo menos 6 meses após a remissão do quadro clínico. O risco de recaída é extremamente elevado se ocorrer paragem da medicação antes deste período. É necessário fazer um desmame do fármaco gradualmente, na maioria dos Antidepressivos, antes de os suspender.
5. Estabilizadores do Humor
Os Estabilizadores do Humor, como o nome indica, estabilizam o Humor. Estão indicados principalmente no tratamento da Doença Bipolar.
O Lítio foi o primeiro fármaco a demonstrar eficácia como agente Antimaníaco e é considerado o Estabilizador do Humor clássico. Foi durante várias décadas o fármaco padrão no tratamento da Doença Bipolar. É um fármaco em que é necessário monitorização sanguinea dos seus valores (litiémia).
São ainda utilizados no tratamento da Doença Bipolar Anticonsulsivantes como a Carbamazepina (Tegretol®) e o Valproato de Sódio (Ácido Valpróico, Valproato Semisódico, Divalproato de Sódio, Diplexil®, Depakine®).
São ainda utilizados como adjuvantes no tratamento da Doença Bipolar Anticonvulsivantes como o Topiramato, a Lamotrigina e a Gabapentina.
Recentemente foi demonstrado que os Antipsicóticos Atípicos (Olanzapina, Quetiapina, Risperidona, Ziprazidona, Aripiprazol, Zotepina) possuem propriedades estabilizadoras do Humor e actualmente são muito utilizados no tratamento da Doença Bipolar.
Os Estabilizadores do Humor estão índicados no tratamento da Doença Bipolar tipo I e tipo II, na Manía Disfórica, nos Estados Mistos, na Perturbação Ciclotímica e na Doença Esquizoafectiva.
Para saber mais sobre o tratamento com Lítio:
http://www.adeb.pt/pages/litio-doenca-bipolar
Tratamento com Valproato:
http://www.adeb.pt/pages/tratamento-com-valproato
Podem ser utilizados como adjuvantes na terapia antidepressiva quando esta por si só não se mostra eficaz.
Como exemplos de Estabilizadores do Humor temos:
- Carbonato de Lítio (Priadel®)
- Valproato de Sódio (Depakine® e Diplexil®)
- Carbamazepina (Tegretol®)
- Topiramato (Topamax®)
- Lamotrigina (Lamictal®)
6. Antipsicóticos
A Clorpromazina foi o primeiro Antipsicótico a ser descoberto (1953). Estes fármacos foram inicialmente designados de Neurolépticos devido à inibição psicomotora que induziam. São fármacos muito eficazes no tratamento da Esquizofrenia e de outras perturbações psicóticas.
Estes medicamentos reduziram drasticamente o número de internamentos e permitiram a desinstitucionalização de muitos doentes.
Com o advento dos Antipsicóticos Atípicos, o termo Neuroléptico passou a ser sinónimo de Antipsicótico Clássico. Os Antipsicóticos Atipicos são medicamentos mais recentes, a sua utilização clínica iniciou-se na década de 80 do seculo XX. O primeiro a ser descoberto foi a Clozapina. São medicamentos melhor tolerados pelo organismo e apresentam maior espectro de acção, actuam nos sintomas positivos e negativos da Esquizofrenia.
Estes medicamentos estão indicados em qualquer doença do foro médico ou psiquiátrico que curse com sintomas psicóticos.
Antipsicóticos Clássicos ou Típicos:
- Flufenazina (Anatensol®, Cenilene®)
- Clorpromazina (Largactil®)
- Haloperidol (Haldol®, Serenelfi®)
- Clozapina (Leponex®)
- Olanzapina (Zyprexa®)
- Risperidona (Risperdal®)
- Quetiapina (Seroquel®, Alzen®)
- Ziprazidona (Zeldox®)
- Amisulpride (Amitrex®)
- Zotepina (Zoleptil®)
- Aripiprazole (Abilify®)
- Paliperidona (Invega®)
- Sertindole (Serdolect®)
Os Antipsicóticos no Tratamento da Esquizofrenia
Introdução
Os Antipsicóticos, também designados de Neurolépticos, são medicamentos usados no tratamento das perturbações psicóticas, nomeadamente a Esquizofrenia. São ainda utilizados noutras doenças psiquiátricas como a Doença Bipolar, a Depressão e a Doença Esquizoafectiva.
São os únicos medicamentos com eficácia demonstrada no tratamento da Esquizofrenia. Não são uma “cura” para a doença, mas controlam os sintomas mais problemáticos, como as alucinações (por ex: ouvir vozes), as ideias delirantes (ideias fora da realidade), a agitação, a agressividade, a insónia e trazem bem estar ao doente, melhorando em muito a qualidade de vida e o prognóstico da doença.
No tratamento da Esquizofrenia é frequente a utilização de outros fármacos como os Ansiolíticos e sedativos para potenciar o efeito da terapêutica.
Para que servem os Antipsicóticos?
Servem para o tratamento de diversas doenças do foro psiquiátrico, salientando a Esquizofrenia. A Esquizofrenia é caracterizada pela presença de sintomas psicóticos, daqui vem o nome destes medicamentos – Antipsicóticos.
A descoberta destes medicamentos foi um “revolução” na Psiquiatria, pois permitiu o tratamento de uma doença que até então não era possível controlar. Os doentes eram internados em hospitais psiquiátricos onde permaneciam a maior parte da vida. A utilização dos antipsicóticos na Esquizofrenia permitiu a desinstitucionalização (saída dos hospitais) de grande parte dos doentes, que agora vivem na comunidade.
Ao controlar a doença e seus sintomas, torna-se possível a reabilitação do doente, criando assim a possibilidade de construir uma vida mais independente.
Que tipos de Antipsicóticos existem?
Existem dois tipos principais de Antipsicóticos os Antipsicóticos Típicos ou Neurolépticos e os Antipsicóticos Atípicos. Os Antipsicóticos Típicos foram os primeiros a ser descobertos. Apresentam elevada eficácia no controlo dos sintomas mas induzem alguns efeitos secundários. São utilizados principalmente na fase aguda da doença e exercem uma acção mais marcada sobre os sintomas positivos da Esquizofrenia (alucinações,ideias delirantes). Existem em formulação depôt pelo que podem ser ministrados numa injecção mensal (útil em doentes mais resistentes á toma da medicação). Outra vantagem é o seu baixo preço.
Os Antipsicóticos Atípicos apareceram mais recentemente. São muito eficazes no controlo da Esquizofrenia e apresentam baixa incidência de efeitos secundários. Apresentam eficácia no controlo dos sintomas positivos da Esquizofrenia, assim como nos sintomas negativos (ex: apatia). Ainda só está disponível em formulação depôt a Risperidona. O seu preço é mais elevado do que o dos Antipsicóticos Típicos, mas fornecem melhor qualidade de vida ao doente.
Tipo de Antipsicóticos
Antipsicóticos Típicos:
- Haldol, Serenelfi (Haloperidol)
- Anatensol, Cenilene
- Cisordinol
- Largactil
- Orap
- Nozinan
Antipsicóticos Atípicos:
- Zyprexa (Olanzapina)
- Risperdal (Risperidona)
- Seroquel, Alzen (Quetiapina)
- Zeldox (Ziprazidona)
- Leponex (Clozapina)
- Zoleptil (Zotepina)
- Invega (Paliperidona)
- Serdolect (Sertindole)
- Abilify (Aripiprazole)
Quais os seus efeitos ?
Os Antipsicóticos exercem a sua acção em certas regiões do cérebro, modificando a acção dos Neurotransmissores (substâncias químicas que permitem a comunicação entre as células nervosas). Pensa-se que a causa da Esquizofrenia esteja na alteração do normal funcionamento destes Neurotransmissores. Assim, os Antipsicóticos em certa medida conseguem contrabalançar estes desiquilíbrios químicos, reestabelecendo o normal funcionamento cerebral.
Os Antipsicóticos Típicos exercem a sua acção no neurotransmissor Dopamina, bloqueando a sua acção. É desta forma que se controlam os sintomas positivos da Esquizofrenia. Os Antipsicóticos Atípicos além de bloquearem a Dopamina, bloqueiam ainda outro neurotransmissor, a Serotonina. Desta forma se explica a acção destes Antipsicóticos nos sintomas negativos da Esquizofrenia.
Qual a importância da terapêutica Antipsicótica ?
A terapêutica antipsicótica é fundamental no tratamento da Esquizofrenia. Os Antipsicóticos permitem o controlo dos sintomas positivos (alucinações, ideias delirantes, comportamento desorganizado, agitação) e dos sintomas negativos (restrições na capacidade de expressão emocional, apatia, diminuição dos afectos, lentificação do pensamento e discurso). Desta forma podem evitar internamentos psiquiátricos que, regra geral, são prolongados. Permitem o reinício de actividades de reabilitação psico-social, após o impacto negativo que geralmente o aparecimento desta doença causa ao sujeito em questão. Desta forma é muitas vezes possível que doentes com Esquizofrenia, com boa aderência á terapêutica e com informação acerca da doença possam viver vidas autónomas e com boa qualidade de vida. Por outro lado, a Esquizofrenia quando não tratada pode evoluir para deterioração cognitiva, com perda das capacidades intelectuais e com marcada pioria no prognóstico. Esta deterioração cognitiva é, regra geral, irreversível. Cada recaída psicótica é seguida por maior deterioração no funcionamento do doente.
Que efeitos secundários podem apresentar?
Como já foi referido, os Antipsicóticos Típicos apresentam mais efeitos secundários do que os Atípicos. Entre estes efeitos secundários encontram-se sintomas neurológicos como a Akatísia (necessidade constante de movimento), Distonias (contracções musculares involuntárias) e rigidez muscular que se assemelham aos sintomas da doença de Parkinson. Estes efeitos secundários são facilmente controlados com a administração de medicamentos específicos (Anticolinérgicos).
Podem ainda apresentar sintomas como sonolência, diminuição da tensão arterial, aumento de apetite, aumento de peso, boca seca, obstipação, visão desfocada e disfunção sexual. Por vezes os Antipsicóticos Típicos podem causar o aumento de uma hormona designada de Prolactina, podendo causar o aparecimento de leite nas mulheres.
Os Antipsicóticos Atípicos apresentam menos efeitos secundários. Estes consistem principalmente em aumento de peso, aumento do açucar e colesterol, sedação e por vezes sintomas neurológicos. Estes efeitos secundários são dependentes da dose administrada e podem ser controlados com medidas simples como exercício físico, dieta adequada e no caso dos sintomas neurológicos, associa-se um medicamento Anticolinérgico.
Como tomar a terapêutica Antipsicótica?
Deve sempre ser cumprida a terapêutica nas doses e durante o tempo indicado pelo médico assistente. Nunca parar a medicação sem falar com o médico. No caso do aparecimento de efeitos secundários desagradáveis deve entrar em contacto com o médico assistente. Muitas vezes através de um reajuste na medicação é possível tratar a doença minimizando os efeitos secundários.
Os Antipsicóticos, também designados de Neurolépticos, são medicamentos usados no tratamento das perturbações psicóticas, nomeadamente a Esquizofrenia. São ainda utilizados noutras doenças psiquiátricas como a Doença Bipolar, a Depressão e a Doença Esquizoafectiva.
São os únicos medicamentos com eficácia demonstrada no tratamento da Esquizofrenia. Não são uma “cura” para a doença, mas controlam os sintomas mais problemáticos, como as alucinações (por ex: ouvir vozes), as ideias delirantes (ideias fora da realidade), a agitação, a agressividade, a insónia e trazem bem estar ao doente, melhorando em muito a qualidade de vida e o prognóstico da doença.
No tratamento da Esquizofrenia é frequente a utilização de outros fármacos como os Ansiolíticos e sedativos para potenciar o efeito da terapêutica.
Para que servem os Antipsicóticos?
Servem para o tratamento de diversas doenças do foro psiquiátrico, salientando a Esquizofrenia. A Esquizofrenia é caracterizada pela presença de sintomas psicóticos, daqui vem o nome destes medicamentos – Antipsicóticos.
A descoberta destes medicamentos foi um “revolução” na Psiquiatria, pois permitiu o tratamento de uma doença que até então não era possível controlar. Os doentes eram internados em hospitais psiquiátricos onde permaneciam a maior parte da vida. A utilização dos antipsicóticos na Esquizofrenia permitiu a desinstitucionalização (saída dos hospitais) de grande parte dos doentes, que agora vivem na comunidade.
Ao controlar a doença e seus sintomas, torna-se possível a reabilitação do doente, criando assim a possibilidade de construir uma vida mais independente.
Que tipos de Antipsicóticos existem?
Existem dois tipos principais de Antipsicóticos os Antipsicóticos Típicos ou Neurolépticos e os Antipsicóticos Atípicos. Os Antipsicóticos Típicos foram os primeiros a ser descobertos. Apresentam elevada eficácia no controlo dos sintomas mas induzem alguns efeitos secundários. São utilizados principalmente na fase aguda da doença e exercem uma acção mais marcada sobre os sintomas positivos da Esquizofrenia (alucinações,ideias delirantes). Existem em formulação depôt pelo que podem ser ministrados numa injecção mensal (útil em doentes mais resistentes á toma da medicação). Outra vantagem é o seu baixo preço.
Os Antipsicóticos Atípicos apareceram mais recentemente. São muito eficazes no controlo da Esquizofrenia e apresentam baixa incidência de efeitos secundários. Apresentam eficácia no controlo dos sintomas positivos da Esquizofrenia, assim como nos sintomas negativos (ex: apatia). Ainda só está disponível em formulação depôt a Risperidona. O seu preço é mais elevado do que o dos Antipsicóticos Típicos, mas fornecem melhor qualidade de vida ao doente.
Tipo de Antipsicóticos
Antipsicóticos Típicos:
- Haldol, Serenelfi (Haloperidol)
- Anatensol, Cenilene
- Cisordinol
- Largactil
- Orap
- Nozinan
Antipsicóticos Atípicos:
- Zyprexa (Olanzapina)
- Risperdal (Risperidona)
- Seroquel, Alzen (Quetiapina)
- Zeldox (Ziprazidona)
- Leponex (Clozapina)
- Zoleptil (Zotepina)
- Invega (Paliperidona)
- Serdolect (Sertindole)
- Abilify (Aripiprazole)
Quais os seus efeitos ?
Os Antipsicóticos exercem a sua acção em certas regiões do cérebro, modificando a acção dos Neurotransmissores (substâncias químicas que permitem a comunicação entre as células nervosas). Pensa-se que a causa da Esquizofrenia esteja na alteração do normal funcionamento destes Neurotransmissores. Assim, os Antipsicóticos em certa medida conseguem contrabalançar estes desiquilíbrios químicos, reestabelecendo o normal funcionamento cerebral.
Os Antipsicóticos Típicos exercem a sua acção no neurotransmissor Dopamina, bloqueando a sua acção. É desta forma que se controlam os sintomas positivos da Esquizofrenia. Os Antipsicóticos Atípicos além de bloquearem a Dopamina, bloqueiam ainda outro neurotransmissor, a Serotonina. Desta forma se explica a acção destes Antipsicóticos nos sintomas negativos da Esquizofrenia.
Qual a importância da terapêutica Antipsicótica ?
A terapêutica antipsicótica é fundamental no tratamento da Esquizofrenia. Os Antipsicóticos permitem o controlo dos sintomas positivos (alucinações, ideias delirantes, comportamento desorganizado, agitação) e dos sintomas negativos (restrições na capacidade de expressão emocional, apatia, diminuição dos afectos, lentificação do pensamento e discurso). Desta forma podem evitar internamentos psiquiátricos que, regra geral, são prolongados. Permitem o reinício de actividades de reabilitação psico-social, após o impacto negativo que geralmente o aparecimento desta doença causa ao sujeito em questão. Desta forma é muitas vezes possível que doentes com Esquizofrenia, com boa aderência á terapêutica e com informação acerca da doença possam viver vidas autónomas e com boa qualidade de vida. Por outro lado, a Esquizofrenia quando não tratada pode evoluir para deterioração cognitiva, com perda das capacidades intelectuais e com marcada pioria no prognóstico. Esta deterioração cognitiva é, regra geral, irreversível. Cada recaída psicótica é seguida por maior deterioração no funcionamento do doente.
Que efeitos secundários podem apresentar?
Como já foi referido, os Antipsicóticos Típicos apresentam mais efeitos secundários do que os Atípicos. Entre estes efeitos secundários encontram-se sintomas neurológicos como a Akatísia (necessidade constante de movimento), Distonias (contracções musculares involuntárias) e rigidez muscular que se assemelham aos sintomas da doença de Parkinson. Estes efeitos secundários são facilmente controlados com a administração de medicamentos específicos (Anticolinérgicos).
Podem ainda apresentar sintomas como sonolência, diminuição da tensão arterial, aumento de apetite, aumento de peso, boca seca, obstipação, visão desfocada e disfunção sexual. Por vezes os Antipsicóticos Típicos podem causar o aumento de uma hormona designada de Prolactina, podendo causar o aparecimento de leite nas mulheres.
Os Antipsicóticos Atípicos apresentam menos efeitos secundários. Estes consistem principalmente em aumento de peso, aumento do açucar e colesterol, sedação e por vezes sintomas neurológicos. Estes efeitos secundários são dependentes da dose administrada e podem ser controlados com medidas simples como exercício físico, dieta adequada e no caso dos sintomas neurológicos, associa-se um medicamento Anticolinérgico.
Como tomar a terapêutica Antipsicótica?
Deve sempre ser cumprida a terapêutica nas doses e durante o tempo indicado pelo médico assistente. Nunca parar a medicação sem falar com o médico. No caso do aparecimento de efeitos secundários desagradáveis deve entrar em contacto com o médico assistente. Muitas vezes através de um reajuste na medicação é possível tratar a doença minimizando os efeitos secundários.
Terapia Electroconvulsiva - guia para doentes e familiares*
* Tradução de um manual do Royal College of Psychiatry para doentes e familiares sobre ECT
O que é a Electroconvulsivoterapia (ECT)?
A electroconvulsivoterapia (ECT) é um tratamento usado por médicos para tratar doentes com Depressão. Também é usada noutras doenças psiquiátricas tais como a Mania, a Catatonia e a Esquizofrenia. A electroconvulsivoterapia também é designada por estimulação eléctrica, convulsivoterapia e terapia de electrochoques.
Na Electroconvulsivoterapia é administrado um medicamento para relaxar os músculos do doente e outro para induzir um sono profundo. Em seguida é feita uma ligeira estimulação eléctrica do cérebro que induz um curto estado convulsivo. Esta convulsão é semelhante a uma crise epiléptica mas sem a presença dos espasmos musculares característicos desta situação. Apesar da actividade eléctrica do cérebro e sistema nervoso estar aumentada durante a convulsão, os músculos não se contraem. Esta convulsão modificada, que não é lesiva, ajuda a aliviar os sintomas da depressão. A ECT tem sido utilizada em muitas perturbações psiquiátrica. Desde 1938 que esta técnica tem sido apurada tendo em vista a maximização da sua eficácia e minimização dos seus efeitos colaterais. A ECT tem-se demonstrado um tratamento muito eficaz e seguro em certos tipos de depressão. Em 1993 num editorial da revista New England Journal of Medicine, a electroconvulsivoterapia foi considerada um “procedimento médico moderno”.
A Terapia Electroconvulsiva e a Depressão
O que é a depressão?
A depressão é uma doença caracterizada por humor triste, infeliz ou melancólico. Podem ocorrer alterações nos padrões de sono, apetite, diminuição da energia, preocupação aumentada, diminuição do interesse em muitas actividades (incluindo sexuais), diminuição ou incapacidade de sentir prazer, dificuldade de concentração, diminuição da auto-estima e pensamentos de morte ou suicídio. Torna-se difícil ou mesmo impossível cumprir as tarefas diárias, como ir trabalhar. Nos casos graves as tentativas de suicídio são frequentes.
A depressão pode causar grande “desgaste” físico de um indivíduo podendo pôr em risco a sua vida. O internamento é frequentemente necessário para de uma maneira eficaz e segura tratar um caso grave de depressão. Se a depressão for acompanhada por perda de contacto com a realidade é designada por Depressão Psicótica. Os sintomas mais comuns da psicose são a presença de ideias delirantes (crenças firmes inconsistentes com a realidade) e alucinações (ouvir, ver, sentir, cheirar, ou saborear coisas que não existem).
Desta descrição depreende-se que a depressão é uma doença médica potencialmente grave. Não deve ser confundida com sentimentos de tristeza ou “estar em baixo”, que são normais em todos os indivíduos de quando em quando e que desaparecem rapidamente sem tratamento. A depressão interfere com o normal funcionamento do individuo causando grande sofrimento. Familiares, amigos e colegas são também afectados negativamente devido à disrupção das normais relações com o doente.
Qual a frequência da depressão?
Estima-se que cerca de 5% da população sofra de Depressão Major num dado momento e que cerca de 15% das pessoas têm um episódio de Depressão Major durante a sua vida. Em média os doentes depressivos sofrem quatro ou cinco episódios ao longo da sua vida.
A depressão é hereditária?
Estudos realizados em irmãos gémeos, famílias e filhos adoptivos, demonstraram que os factores hereditários desempenham um papel importante na depressão. Por exemplo, familiares próximos de pessoas com esta perturbação têm mais probabilidade de terem depressão do que a população geral.
Estes factores hereditários, contudo, não estão presentes em todas as pessoas com depressão, e mesmo quando presentes, o tipo de transmissão genética ainda não está bem compreendido. Em consequência, não é possível prever com precisão o risco para um dado individuo.
Como se trata uma depressão?
A depressão pode ser tratada de várias formas, o tratamento escolhido é baseado nos factores que se pensa terem contribuindo para desencadear a depressão. Frequentemente, os médicos tratam as depressões com medicação antidepressiva. Os antidepressivos mais usados são todos igualmente eficazes, mas possuem um perfil de efeitos secundários diferente. Estes medicamentos aumentam o humor e aliviam os outros sintomas associados à depressão em 70 a 80% dos doentes tratados. Frequentemente são necessárias várias semanas para o seu efeito pleno. Os antidepressivos por si só, raramente são completamente eficazes na depressão psicótica.
A Psicoterapia é outro tratamento frequentemente usado em formas ligeiras de depressão. A Psicoterapia pode incluir um recordar de relações e experiências passadas e uma reflexão sobre os sentimentos por estas causadas no presente.
Existem dois tipos de Psicoterapia que se mostraram especialmente eficazes na depressão ligeira a moderada. A Terapia Cognitivo Comportamental incide em mudanças comportamentais e de pensamento dos doentes que os ajudem a ultrapassar a depressão. A Psicoterapia Interpessoal visa a correcção de problemas nas relações que podem estar na origem ou agravar a depressão. O exercício físico, a fototerapia e a privação de sono são tratamentos que se pensam promissores para certos tipos de depressão. Estes podem ser utilizados quando existem indicações para o seu uso, mas é improvável que sejam eficazes se os tratamentos convencionais falharem.
Quando é usada a Electroconvulsivoterapia ?
A ECT é utilizada quando os outros tratamentos não demonstram benefícios. A ECT é geralmente usada quando existe uma depressão que impede acentuadamente o normal funcionamento, causa grande sofrimento, põe em risco a saúde ou existe risco elevado de suicídio. Em situações como a “Depressão Delirante” pode ser o tratamento de primeira linha.
A Electroconvulsivoterapia cura a depressão?
Não existe nenhum tratamento actualmente disponível que “cure” a depressão, no sentido em que se possa garantir que não haja outro episódio mais tarde na vida. A ECT é o meio mais eficaz e rápido de por fim a um episódio depressivo. A eficácia é especialmente importante se existir risco de suicídio ou se a doença tiver riscos para a saúde da pessoa.
As causas especificas de depressão permanecem desconhecidas e ainda não foi possível desenvolver tratamentos que sejam verdadeiramente “curativos”. Contudo, os tratamentos disponíveis podem pôr termo a um episódio depressivo e fazer com que o doente se sinta bem outra vez. Pode ocorrer uma recaída se o tratamento for suspenso prematuramente ou pode ocorrer no futuro outro episódio apesar de se ter instituído um tratamento eficaz para o episódio actual.
A Electroconvulsivoterapia ajuda a pessoa a recompor a sua vida?
A ECT alivia os sintomas da depressão, mas não é uma “cura para tudo”. Apesar da ECT ser eficaz a curto prazo e por vezes a longo prazo, os problemas pessoais resultantes de episódios depressivos podem continuar a existir. Também, problemas pessoais não relacionados com a depressão não terão beneficio com a ECT. A psicoterapia e outras formas de aconselhamento podem ser úteis na resolução de tais problemas.
Como se pode saber se a Electroconvulsivoterapia está a ser eficaz?
Considera-se que a ECT está a ser eficaz se melhorar os sintomas da depressão, produzindo apenas efeitos adversos pouco significativos.
Se alguém que faz Electroconvulsivoterapia continua deprimido durante o tratamento, será que isto significa que a terapia não está a ser eficaz?
Não necessariamente. O tratamento pode estar a dar resultados, mas lentamente. A ECT é tipicamente administrada duas a três vezes por semana até à remissão dos sintomas. Geralmente é feito um curso de tratamento de seis a doze sessões num período de duas a quatro semanas.
Apesar da resposta ser gradual, os doentes geralmente melhoram no espaço de três a quatro semanas. Se, por essa altura não existirem melhorias, tratamentos adicionais podem estar indicados ou pode ser reconsiderado o tratamento com ECT.
Infelizmente, o efeito terapêutico da ECT é frequentemente temporário. Os benefícios da ECT podem desaparecer a curto prazo após tratamento, contudo muitos doentes permanecem livres de depressão por meses ou anos sem tratamento adicional. Para prevenir outro episódio depressivo, geralmente é administrado aos doentes medicação antidepressiva, Lítio ou é feita ECT como terapia de manutenção.
O que é a Electroconvulsivoterapia de manutenção?
Após o tratamento bem sucedido da depressão com ECT, os episódios depressivos podem reaparecer. Nos doentes com risco de recorrência, nos quais a medicação antidepressiva não é eficaz ou tolerada, ECT de manutenção pode ser prescrita. Tipicamente, o tratamento de manutenção é administrado semanalmente ou de duas em duas semanas, com a sua frequência decrescendo gradualmente até as sessões serem espaçadas por meses. Pode ser administrada em ambulatório.
Qual a sensação de ser tratado por Electroconvulsivoterapia?
Como os doentes estão a “dormir” durante o tratamento, não sentem nada. Os doentes só recebem ECT após terem sido “adormecidos” com um anestésico geral (como durante as intervenções cirúrgicas).
Porque é que algumas pessoas têm medo da Electroconvulsivoterapia?
O estigma associado à ECT torna difícil que alguns doentes aceitem este tratamento. Quando no passado este tipo de tratamento era usado, os seus efeitos colaterais eram frequentemente severos. Estes incluíam espasmos e contracções musculares (que por vezes fracturavam ossos e deslocavam articulações) e perda de memória. Ainda, no passado, era prescrita ECT em doenças para as quais este tipo de tratamento não demonstra eficácia. Por vezes também as pessoas confundem a ECT executada sob vigilância médica com os “tratamentos de choques electricos” que são usados por alguns governos na tortura de prisioneiros. Infelizmente existe este estigma associado à ECT. A ECT hoje em dia raramente é lesiva, devido à utilização de técnicas mais seguras e melhor equipamento. As convulsões hoje em dia não ocorrem durante o tratamento e a perda de memória pode ser reduzida ao estimular o cérebro numa zona em que a memória esteja menos envolvida. Isto é designado de ECT unilateral.
Os médicos prescrevem ECT principalmente para a depressão grave e menos frequentemente para outras doenças. Para um doente com depressão com ideação suicida, sintomas psicóticos ou nos quais a doença pode ameaçar a vida, não existe melhor tratamento do que a ECT pois actua rapidamente e ajuda uma maior proporção de doentes do que a medicação. A maior parte dos doentes que sofrem de depressão e são tratados com ECT sentem que a ECT é o melhor tratamento para eles.
Como funciona a Electroconvulsivoterapia?
Não é conhecido o mecanismo pelo qual a ECT diminui ou elimina os sintomas da depressão. Contudo, pensa-se que desequilíbrios neuroquímicos em certas áreas cerebrais responsáveis pelas emoções e comportamentos podem estar na origem desta doença. Os especialistas acreditam que a ECT pode actuar corrigindo estes desequilíbrios, e normalizando portanto o humor. O mesmo conceito aplica-se também ao mecanismo de acção dos medicamentos antidepressivos.
A Electroconvulsivoterapia é útil noutras doenças para além da depressão?
A ECT é também usada para tratar doentes com mania ou esquizofrenia quando apresentem uma doença grave que não responde à medicação. A Maniaé uma perturbação na qual o humor da pessoa passa do seu estado normal para um estado de hiperactividade, é frequentemente acompanhada de sintomas de exaltação, expansividade, irritabilidade e um estado eufórico descrito como estando “no topo do mundo”. A Mania grave pode causar grande incapacidade funcional e ser potencialmente perigosa para o individuo e para os outros.
A Esquizofrenia envolve desorganização do pensamento, e frequentemente do funcionamento do doente. A pessoa pode perder o contacto com a realidade e sentir-se confusa, isolada e assustada. Existem frequentemente perturbações no pensamento lógico e dificuldades na comunicação. Por vezes, alguns doentes esquizofrénicos podem-se tornar extremamente excitados ou imobilizados (Catatonia) que pode pôr em risco a vida.
A ECT é usada menos frequentemente na Mania e Esquizofrenia do que na Depressão, mas por vezes pode salvar a vida ao interromper uma perigosa hiperactividade ou inactividade quase total. A Electroconvulsivoterapia mostra-se ainda promissora no tratamento da doença de Parkinson grave e resistente a outros tratamentos.
O inicio da Electroconvulsivoterapia
O que é que o seu médico precisa de saber antes de iniciar Electroconvulsivoterapia?
A sua história médicaSofre de outra doença médica? Por exemplo, será inquirido acerca da existência de doença cardíaca, hipertensão arterial, problemas de coluna, doenças neurológicas como a epilepsia, intervenções cirúrgicas prévias e resposta aos anestésicos. Qualquer doença médica que tenha pode ser importante, não se esqueça de informar o seu médico acerca de todas as doenças de que padece. Existe história de doença mental na sua família; especialmente depressão, no caso afirmativo que tratamentos foram mais benéficos?
Qualquer medicação que esteja a tomar – por exemplo, está medicado para “dores de cabeça”, hipertensão arterial ou problemas cardíacos? Está a tomar algum medicamento psiquiátrico? Qualquer medicamento que esteja a tomar pode ser importante, portanto tenha a certeza de informar o seu médico de todos os medicamentos que toma ( incluindo medicamentos sem prescrição médica ). Informe o seu médico em relação a qualquer alergia medicamentosa.
A sua dieta – bebe grandes quantidades de chá ou café? Qual é a quantidade de álcool que normalmente consome? Está a fazer qualquer tipo de dieta especial ou planeia iniciar uma dieta num futuro próximo? Nota para as senhoras - Está gravida? Existe a possibilidade de engravidar durante o tratamento? Apesar de a ECT ser segura, durante a gravidez é importante que o seu médico esteja informado.
A lista acima descrita não está completa mas dá uma ideia do que o seu médico precisará de saber antes do inicio do tratamento. A questão principalé informar o seu médico acerca de todas as doenças médicas, medicações, etc., mesmo que sejam administradas por outros médicos. Se não está seguro se certos factos devem ser mencionados, exponha-os e deixe o seu médico decidir se são importantes. Sem tal informação o seu médico terá dificuldade em tratá-lo segura e eficazmente.
O que é o consentimento informado? O seu médico explicar-lhe-á os benefícios e riscos da ECT e das outras terapias alternativas, assim como, também lhe explicará como são realizadas as sessões de ECT. Assim que se sentir completamente esclarecido acerca do tratamento, ser-lhe-á pedido que assine um documento dando o seu consentimento voluntário e informado.
O que é que acontece durante a Electroconvulsivoterapia? As sessões de ECT são inteiramente supervisionadas por um médico. Antes da sessão ter início é normalmente administrada uma injecção com um medicamento que diminui as secreções das membranas mucosas da boca e faringe, para que o excesso de saliva não interfira com a respiração.
Um pequeno tubo (catéter) é inserido numa veia do braço ou mão de modo a poderem ser administrados medicamentos de uma forma indolor. São depois colocados eléctrodos na cabeça do doente de modo a poder ser realizado o tratamento e de modo a monitorizar a actividade eléctrica cerebral. Dependendo das circunstâncias, os eléctrodos estimuladores podem ser colocados de um ou dos dois lados da cabeça (unilateral ou bilateral, respectivamente). São colocados outros eléctrodos para monitorizar a actividade cardíaca. É administrado oxigénio ao doente antes, durante e uns minutos após o procedimento. Através do catéter colocado na veia é administrado um fármaco que adormece o paciente por um curto período de tempo. O doente permanece inconsciente durante todo o procedimento. Outro fármaco, um relaxante muscular é administrado através do catéter. Assim que este último medicamento atinja o seu efeito, o cérebro é estimulado com uma pequena descarga eléctrica. O tempo durante o qual esta descarga ocorre varia de um quarto de segundo até dois segundos. Esta estimulação cerebral provoca uma “crise epiléptica” que geralmente dura de 30 a 60 segundos. Durante esta “crise epiléptica” não ocorrem os espasmos e contracções musculares típicas da verdadeira epilepsia devido ao efeito do medicamento relaxante muscular.
Todo o tratamento dura apenas uns poucos minutos. O doente é vigiado e acorda lentamente após o seu termo. Sensações de sonolência e confusão, algumas dores musculares (como após exercício fisico vigoroso) e dores de cabeça podem ocorrer após o tratamento. Estes sintomas em regra são ligeiros e transitórios. Devido à ideia divulgada entre a população de que uma “crise epiléptica” é prejudicial para a saúde, é importante clarificar que a “crise” induzida por ECT não é lesiva. De facto, estudos demonstraram que é esta crise modificada que fornece os benefícios da Electroconvulsivoterapia.
Os efeitos secundários da Electroconvulsivoterapia
Quais são os efeitos secundários da Electroconvulsivoterapia ?
Como qualquer tratamento, a ECT pode causar efeitos secundários. É importante que o médico assistente conheça todos os efeitos secundários que possam ocorre de modo a combatê-los eficazmente. Alguns efeitos secundários são desconfortáveis, mas desaparecem com o tempo. Outros são potencialmente perigosos, daí a necessidade de acompanhamento do doente durante e após o tratamento, de modo a detectá-los precocemente e intervir na altura em que mais facilmente são controlados. A função cardíaca, a tensão arterial, a respiração e a oxigenação sanguínea são vigiadas por um médico, geralmente um Anestesista, durante a sessão. Se ocorrer alguma complicação existe sempre ajuda médica disponível.
Quais são os efeitos secundários imediatamente após a Electroconvulsivoterapia ?
Logo após o tratamento os doentes podem sentir-se sonolentos, confusos e podem queixar-se ainda de dores musculares, náuseas ou dor de cabeça. A confusão mental pode ocorrer durante um curto período de tempo após o doente acordar, mas normalmente desaparece dentro de poucas horas. A memória para acontecimentos recentes pode estar comprometida. Também, a capacidade de reter nova informação (aprendizagem) pode estar comprometida durante o tratamento. Na maior parte dos doentes, as dificuldades de memória e de aprendizagem remitem rapidamente e desaparecem completamente uma ou duas semanas após a conclusão do tratamento.
Existem efeitos secundários mais persistentes ?
Alguns efeitos secundários podem persistir por mais tempo após o tratamento. O esquecimento de acontecimentos que ocorreram antes e durante o tratamento podem ocorrer (o mais frequente é as pessoas não se conseguirem lembrar dos acontecimentos que aconteceram durante as semanas de tratamento com ECT). Pode ocorrer uma redução temporária na capacidade de aprendizagem e de reter nova informação. Apesar da memória e capacidade de aprendizagem regressarem ao normal poucas semanas após a conclusão do tratamento, alguns doentes mostram grande preocupação com a perda destas capacidades, ainda que estas sejam temporárias. Outros não se preocupam com estas alterações. A maioria dos doentes refere que a capacidade de concentração de facto aumentou, pois a falta de concentração é um sintoma frequente de depressão.
Problemas de memória que se mantenham por períodos superiores a algumas semanas não foram demonstrados por testes neuropsicológicos objectivos. Apesar de tudo existem doentes que receberam ECT e referiram perda de memória e dificuldade de aprendizagem que persistiram meses. Alterações da memória e aprendizagem que se mantenham a longo prazo, podem ser um muito raro efeito secundário do tratamento. Assim como com outros tratamentos ocorreram óbitos associados à ECT, mas isto é muito improvável. O risco de morte é apenas de 1 em cada 100.000 tratamentos, menor do que o risco de morte associado a um tratamento dentário com anestesia para extracção de um dente do “ciso”.
Existem efeitos secundários para os quais o médico deva ser contactado imediatamente ?
SIM ! Convulsões espontâneas – num número muito reduzido de doentes tratados com ECT (1 em cada 2.000) uma convulsão espontânea pode ocorrer. Estas convulsões espontâneas podem ocorrer dias, semanas ou meses após o tratamento. Estas crises são muito parecidas com uma crise epiléptica e são geralmente reconhecidas pela perda de consciência, movimentos corporais (convulsões) e/ou perda de urina. O seu médico deverá ser contactado o mais rápido possível após qualquer convulsão.
Dores de cabeça – Durante a ECT é induzida uma convulsão modificada, e podem ocorrer dores de cabeça após o tratamento. Se sentir uma forte dor de cabeça após ECT, informe a sua enfermeira ou médico para que lhe seja prescrito tratamento. Se ocorrer efeitos colaterais como estes ou outros que sejam particularmente desconfortáveis, informe o seu médico. A maioria dos problemas é controlada com medidas simples.
Será a Electroconvulsivoterapia o melhor tratamento para a depressão grave ?
Normalmente a depressão grave é tratada com medicamentos antidepressivos. Se estes fármacos não forem eficazes pondera-se a utilização da electroconvulsivoterapia.
A experiência de muitos médicos e doentes (previamente tratados com ECT para depressão) demonstra que a ECT é um tratamento muito eficaz e tem muitas vantagens sobre outros tipos de terapêuticas. A acção da ECT é rápida permitindo uma mais rápida inserção na vida laboral do que outros tipos de tratamento. Tem uma mais alta taxa de sucesso do que outras abordagens terapêuticas.
A ECT é o tratamento de escolha quando existe ideação suicida grave visto as tentativas de suicídio serem menores após o inicio do tratamento. Na depressão psicótica (condição em que existe perda de contacto com a realidade com alucinações e ideias delirantes ), a ECT é mais eficaz do que os medicamentos antidepressivos, que têm de ser utilizados em altas doses e frequentemente em associação com antipsicóticos, atingindo uma eficácia terapêutica menor e mais tardia.
É dolorosa ?
Não. Antes do início da ECT, o doente é anestesiado. Como numa intervenção cirúrgica, o doente está inconsciente durante o procedimento e portanto não sente qualquer dor. Contudo, dor de garganta, dores musculares, fadiga e dores de cabeça após o tratamento podem causar algum desconforto.
Causa lesões cerebrais permanentes ?
Estudos realizados em doentes deprimidos usando Tomografia Axial Computorizada (TAC) e Ressonância Magnética Nuclear (RMN), em doentes antes e depois do tratamento, não encontraram associação entre o tratamento com ECT e lesão estrutural cerebral. Note-se que muitos doentes, especialmente os idosos, apresentam anomalias cerebrais antes do inicio do tratamento com ECT.
Enquanto que, mesmo as mais modernas técnicas de imagiologia cerebral, não são suficientemente sensíveis para determinar lesões microscópicas no cérebro; é animador saber que todos os dados científicos apontam para que este tipo de tratamento seja bastante seguro.
Porque é que alguns doentes tratados com Electroconvulsivoterapia ficaram descontentes com este tipo de tratamento ?
Alguns doentes tratados com ECT referiram perda de memória persistente e diminuição da sua capacidade de aprender, mesmo quando a perda destas capacidades não é detectada por testes objectivos. Continua a ser investigado se a perda persistente de memória é mesmo consequência do tratamento com ECT.
Alguns doentes que receberam ECT sentem que foram “forçados” a fazer este tipo de tratamento. Também alguns doentes mostram-se descontentes por este tipo de tratamento não lhes ter trazido benefícios.
É usada para acalmar doentes ?
Não! A ECT não é usada para acalmar ou “pacificar” nenhum doente, nem para controlar criminosos ou qualquer pessoa que tenha ideias ou crenças impopulares ou controversas. Este tratamento é principalmente usado no tratamento da depressão grave e com menor frequência é usado na Mania ou Esquizofrenia. Infelizmente a ECT continua a ser vista de uma forma negativa por muitos indivíduos. Este facto deve-se fundamentalmente aos efeitos secundários severos que no passado ocorriam com este tratamento, mas também a no passado serem usados para doenças que hoje se sabe não terem indicação e ainda devido à maneira como é retratado no cinema e televisão. Infelizmente, este tratamento bastante benéfico, tem sido injustamente estigmatizado.
Pode alguém ser submetido a Electroconvulsivoterapia contra vontade ?
Não. Por lei, o direito do doente aceitar ou recusar este tratamento, tem que ser sempre respeitado. A ECT só pode ser administrada quando o doente está totalmente informado acerca do procedimento, dos seus benefícios e possíveis riscos (incluindo informação acerca de possível confusão mental e perturbações de memória após o tratamento); o doente deve ainda ser informado acerca de outras opções terapêuticas. Assim que o doente esteja completamente informado e aceda a esta medida terapêutica, é-lhe pedido que assine um documento a dar o seu consentimento informado. Ao assinar este documento, que permite a realização deste tratamento, o doente não é obrigado a iniciá-lo ou mesmo a continuá-lo se assim o entender. O doente é livre de abandonar a terapêutica com ECT se assim desejar. Em raras situações de grande gravidade da doença, um Juiz de Direito pode fornecer o consentimento pelo doente, desde que este não esteja em condições de dar um consentimento informado.
E se a Electroconvulsivoterapia não for eficaz ?
Infelizmente, e como em qualquer tratamento, a ECT não é eficaz em todos os casos. Contudo este tipo de terapêutica não deve ser considerada de última linha, e doentes que não responderam a ECT são frequentemente tratados com sucesso com outras abordagens.
E se eu estiver a fazer uma dieta especial ?
Qualquer dieta equilibrada não levanta qualquer problema à realização da ECT. Geralmente suspende-se a alimentação (sólida e liquida) na noite da véspera do tratamento. A maioria dos doentes é capaz de ingerir uma refeição normal uma ou duas horas após a sessão de ECT.
Posso beber bebidas alcoólicas enquanto estiver em tratamento com ECT ?
A ingestão de bebidas alcoólicas entre as sessões de tratamento geralmente não é recomendada. Podem ocorrer excepções, mas só com autorização do médico.
Será perigoso tomar medicamentos enquanto estiver em tratamento com ECT?
Pode ser perigoso tomar certos medicamentos durante o tratamento com ECT. É fundamental que o doente informe o seu médico acerca de qualquer medicação que esteja a fazer. Não é aconselhável tomar Lítio durante a ECT, mas este facto permanece controverso. Geralmente reduz-se a dose do Lítio durante o tratamento.
E se eu tiver que ir a outro médico ?
Se consultar outro médico ou for seguido por outra doença médica, informe os profissionais envolvidos que está a ser sujeito a tratamento com ECT. Este facto garante a segurança e eficácia da ECT, além de impedir que o tratamento com ECT não interfira com outras intervenções médicas. Não tome por princípio que o tratamento com ECT só é importante para o médico que o está a administrar.
Para aprofundar este tema consulte:
http://www.adeb.pt/pages/electroconvulsivoterapia
O que é a Electroconvulsivoterapia (ECT)?
A electroconvulsivoterapia (ECT) é um tratamento usado por médicos para tratar doentes com Depressão. Também é usada noutras doenças psiquiátricas tais como a Mania, a Catatonia e a Esquizofrenia. A electroconvulsivoterapia também é designada por estimulação eléctrica, convulsivoterapia e terapia de electrochoques.
Na Electroconvulsivoterapia é administrado um medicamento para relaxar os músculos do doente e outro para induzir um sono profundo. Em seguida é feita uma ligeira estimulação eléctrica do cérebro que induz um curto estado convulsivo. Esta convulsão é semelhante a uma crise epiléptica mas sem a presença dos espasmos musculares característicos desta situação. Apesar da actividade eléctrica do cérebro e sistema nervoso estar aumentada durante a convulsão, os músculos não se contraem. Esta convulsão modificada, que não é lesiva, ajuda a aliviar os sintomas da depressão. A ECT tem sido utilizada em muitas perturbações psiquiátrica. Desde 1938 que esta técnica tem sido apurada tendo em vista a maximização da sua eficácia e minimização dos seus efeitos colaterais. A ECT tem-se demonstrado um tratamento muito eficaz e seguro em certos tipos de depressão. Em 1993 num editorial da revista New England Journal of Medicine, a electroconvulsivoterapia foi considerada um “procedimento médico moderno”.
A Terapia Electroconvulsiva e a Depressão
O que é a depressão?
A depressão é uma doença caracterizada por humor triste, infeliz ou melancólico. Podem ocorrer alterações nos padrões de sono, apetite, diminuição da energia, preocupação aumentada, diminuição do interesse em muitas actividades (incluindo sexuais), diminuição ou incapacidade de sentir prazer, dificuldade de concentração, diminuição da auto-estima e pensamentos de morte ou suicídio. Torna-se difícil ou mesmo impossível cumprir as tarefas diárias, como ir trabalhar. Nos casos graves as tentativas de suicídio são frequentes.
A depressão pode causar grande “desgaste” físico de um indivíduo podendo pôr em risco a sua vida. O internamento é frequentemente necessário para de uma maneira eficaz e segura tratar um caso grave de depressão. Se a depressão for acompanhada por perda de contacto com a realidade é designada por Depressão Psicótica. Os sintomas mais comuns da psicose são a presença de ideias delirantes (crenças firmes inconsistentes com a realidade) e alucinações (ouvir, ver, sentir, cheirar, ou saborear coisas que não existem).
Desta descrição depreende-se que a depressão é uma doença médica potencialmente grave. Não deve ser confundida com sentimentos de tristeza ou “estar em baixo”, que são normais em todos os indivíduos de quando em quando e que desaparecem rapidamente sem tratamento. A depressão interfere com o normal funcionamento do individuo causando grande sofrimento. Familiares, amigos e colegas são também afectados negativamente devido à disrupção das normais relações com o doente.
Qual a frequência da depressão?
Estima-se que cerca de 5% da população sofra de Depressão Major num dado momento e que cerca de 15% das pessoas têm um episódio de Depressão Major durante a sua vida. Em média os doentes depressivos sofrem quatro ou cinco episódios ao longo da sua vida.
A depressão é hereditária?
Estudos realizados em irmãos gémeos, famílias e filhos adoptivos, demonstraram que os factores hereditários desempenham um papel importante na depressão. Por exemplo, familiares próximos de pessoas com esta perturbação têm mais probabilidade de terem depressão do que a população geral.
Estes factores hereditários, contudo, não estão presentes em todas as pessoas com depressão, e mesmo quando presentes, o tipo de transmissão genética ainda não está bem compreendido. Em consequência, não é possível prever com precisão o risco para um dado individuo.
Como se trata uma depressão?
A depressão pode ser tratada de várias formas, o tratamento escolhido é baseado nos factores que se pensa terem contribuindo para desencadear a depressão. Frequentemente, os médicos tratam as depressões com medicação antidepressiva. Os antidepressivos mais usados são todos igualmente eficazes, mas possuem um perfil de efeitos secundários diferente. Estes medicamentos aumentam o humor e aliviam os outros sintomas associados à depressão em 70 a 80% dos doentes tratados. Frequentemente são necessárias várias semanas para o seu efeito pleno. Os antidepressivos por si só, raramente são completamente eficazes na depressão psicótica.
A Psicoterapia é outro tratamento frequentemente usado em formas ligeiras de depressão. A Psicoterapia pode incluir um recordar de relações e experiências passadas e uma reflexão sobre os sentimentos por estas causadas no presente.
Existem dois tipos de Psicoterapia que se mostraram especialmente eficazes na depressão ligeira a moderada. A Terapia Cognitivo Comportamental incide em mudanças comportamentais e de pensamento dos doentes que os ajudem a ultrapassar a depressão. A Psicoterapia Interpessoal visa a correcção de problemas nas relações que podem estar na origem ou agravar a depressão. O exercício físico, a fototerapia e a privação de sono são tratamentos que se pensam promissores para certos tipos de depressão. Estes podem ser utilizados quando existem indicações para o seu uso, mas é improvável que sejam eficazes se os tratamentos convencionais falharem.
Quando é usada a Electroconvulsivoterapia ?
A ECT é utilizada quando os outros tratamentos não demonstram benefícios. A ECT é geralmente usada quando existe uma depressão que impede acentuadamente o normal funcionamento, causa grande sofrimento, põe em risco a saúde ou existe risco elevado de suicídio. Em situações como a “Depressão Delirante” pode ser o tratamento de primeira linha.
A Electroconvulsivoterapia cura a depressão?
Não existe nenhum tratamento actualmente disponível que “cure” a depressão, no sentido em que se possa garantir que não haja outro episódio mais tarde na vida. A ECT é o meio mais eficaz e rápido de por fim a um episódio depressivo. A eficácia é especialmente importante se existir risco de suicídio ou se a doença tiver riscos para a saúde da pessoa.
As causas especificas de depressão permanecem desconhecidas e ainda não foi possível desenvolver tratamentos que sejam verdadeiramente “curativos”. Contudo, os tratamentos disponíveis podem pôr termo a um episódio depressivo e fazer com que o doente se sinta bem outra vez. Pode ocorrer uma recaída se o tratamento for suspenso prematuramente ou pode ocorrer no futuro outro episódio apesar de se ter instituído um tratamento eficaz para o episódio actual.
A Electroconvulsivoterapia ajuda a pessoa a recompor a sua vida?
A ECT alivia os sintomas da depressão, mas não é uma “cura para tudo”. Apesar da ECT ser eficaz a curto prazo e por vezes a longo prazo, os problemas pessoais resultantes de episódios depressivos podem continuar a existir. Também, problemas pessoais não relacionados com a depressão não terão beneficio com a ECT. A psicoterapia e outras formas de aconselhamento podem ser úteis na resolução de tais problemas.
Como se pode saber se a Electroconvulsivoterapia está a ser eficaz?
Considera-se que a ECT está a ser eficaz se melhorar os sintomas da depressão, produzindo apenas efeitos adversos pouco significativos.
Se alguém que faz Electroconvulsivoterapia continua deprimido durante o tratamento, será que isto significa que a terapia não está a ser eficaz?
Não necessariamente. O tratamento pode estar a dar resultados, mas lentamente. A ECT é tipicamente administrada duas a três vezes por semana até à remissão dos sintomas. Geralmente é feito um curso de tratamento de seis a doze sessões num período de duas a quatro semanas.
Apesar da resposta ser gradual, os doentes geralmente melhoram no espaço de três a quatro semanas. Se, por essa altura não existirem melhorias, tratamentos adicionais podem estar indicados ou pode ser reconsiderado o tratamento com ECT.
Infelizmente, o efeito terapêutico da ECT é frequentemente temporário. Os benefícios da ECT podem desaparecer a curto prazo após tratamento, contudo muitos doentes permanecem livres de depressão por meses ou anos sem tratamento adicional. Para prevenir outro episódio depressivo, geralmente é administrado aos doentes medicação antidepressiva, Lítio ou é feita ECT como terapia de manutenção.
O que é a Electroconvulsivoterapia de manutenção?
Após o tratamento bem sucedido da depressão com ECT, os episódios depressivos podem reaparecer. Nos doentes com risco de recorrência, nos quais a medicação antidepressiva não é eficaz ou tolerada, ECT de manutenção pode ser prescrita. Tipicamente, o tratamento de manutenção é administrado semanalmente ou de duas em duas semanas, com a sua frequência decrescendo gradualmente até as sessões serem espaçadas por meses. Pode ser administrada em ambulatório.
Qual a sensação de ser tratado por Electroconvulsivoterapia?
Como os doentes estão a “dormir” durante o tratamento, não sentem nada. Os doentes só recebem ECT após terem sido “adormecidos” com um anestésico geral (como durante as intervenções cirúrgicas).
Porque é que algumas pessoas têm medo da Electroconvulsivoterapia?
O estigma associado à ECT torna difícil que alguns doentes aceitem este tratamento. Quando no passado este tipo de tratamento era usado, os seus efeitos colaterais eram frequentemente severos. Estes incluíam espasmos e contracções musculares (que por vezes fracturavam ossos e deslocavam articulações) e perda de memória. Ainda, no passado, era prescrita ECT em doenças para as quais este tipo de tratamento não demonstra eficácia. Por vezes também as pessoas confundem a ECT executada sob vigilância médica com os “tratamentos de choques electricos” que são usados por alguns governos na tortura de prisioneiros. Infelizmente existe este estigma associado à ECT. A ECT hoje em dia raramente é lesiva, devido à utilização de técnicas mais seguras e melhor equipamento. As convulsões hoje em dia não ocorrem durante o tratamento e a perda de memória pode ser reduzida ao estimular o cérebro numa zona em que a memória esteja menos envolvida. Isto é designado de ECT unilateral.
Os médicos prescrevem ECT principalmente para a depressão grave e menos frequentemente para outras doenças. Para um doente com depressão com ideação suicida, sintomas psicóticos ou nos quais a doença pode ameaçar a vida, não existe melhor tratamento do que a ECT pois actua rapidamente e ajuda uma maior proporção de doentes do que a medicação. A maior parte dos doentes que sofrem de depressão e são tratados com ECT sentem que a ECT é o melhor tratamento para eles.
Como funciona a Electroconvulsivoterapia?
Não é conhecido o mecanismo pelo qual a ECT diminui ou elimina os sintomas da depressão. Contudo, pensa-se que desequilíbrios neuroquímicos em certas áreas cerebrais responsáveis pelas emoções e comportamentos podem estar na origem desta doença. Os especialistas acreditam que a ECT pode actuar corrigindo estes desequilíbrios, e normalizando portanto o humor. O mesmo conceito aplica-se também ao mecanismo de acção dos medicamentos antidepressivos.
A Electroconvulsivoterapia é útil noutras doenças para além da depressão?
A ECT é também usada para tratar doentes com mania ou esquizofrenia quando apresentem uma doença grave que não responde à medicação. A Maniaé uma perturbação na qual o humor da pessoa passa do seu estado normal para um estado de hiperactividade, é frequentemente acompanhada de sintomas de exaltação, expansividade, irritabilidade e um estado eufórico descrito como estando “no topo do mundo”. A Mania grave pode causar grande incapacidade funcional e ser potencialmente perigosa para o individuo e para os outros.
A Esquizofrenia envolve desorganização do pensamento, e frequentemente do funcionamento do doente. A pessoa pode perder o contacto com a realidade e sentir-se confusa, isolada e assustada. Existem frequentemente perturbações no pensamento lógico e dificuldades na comunicação. Por vezes, alguns doentes esquizofrénicos podem-se tornar extremamente excitados ou imobilizados (Catatonia) que pode pôr em risco a vida.
A ECT é usada menos frequentemente na Mania e Esquizofrenia do que na Depressão, mas por vezes pode salvar a vida ao interromper uma perigosa hiperactividade ou inactividade quase total. A Electroconvulsivoterapia mostra-se ainda promissora no tratamento da doença de Parkinson grave e resistente a outros tratamentos.
O inicio da Electroconvulsivoterapia
O que é que o seu médico precisa de saber antes de iniciar Electroconvulsivoterapia?
A sua história médicaSofre de outra doença médica? Por exemplo, será inquirido acerca da existência de doença cardíaca, hipertensão arterial, problemas de coluna, doenças neurológicas como a epilepsia, intervenções cirúrgicas prévias e resposta aos anestésicos. Qualquer doença médica que tenha pode ser importante, não se esqueça de informar o seu médico acerca de todas as doenças de que padece. Existe história de doença mental na sua família; especialmente depressão, no caso afirmativo que tratamentos foram mais benéficos?
Qualquer medicação que esteja a tomar – por exemplo, está medicado para “dores de cabeça”, hipertensão arterial ou problemas cardíacos? Está a tomar algum medicamento psiquiátrico? Qualquer medicamento que esteja a tomar pode ser importante, portanto tenha a certeza de informar o seu médico de todos os medicamentos que toma ( incluindo medicamentos sem prescrição médica ). Informe o seu médico em relação a qualquer alergia medicamentosa.
A sua dieta – bebe grandes quantidades de chá ou café? Qual é a quantidade de álcool que normalmente consome? Está a fazer qualquer tipo de dieta especial ou planeia iniciar uma dieta num futuro próximo? Nota para as senhoras - Está gravida? Existe a possibilidade de engravidar durante o tratamento? Apesar de a ECT ser segura, durante a gravidez é importante que o seu médico esteja informado.
A lista acima descrita não está completa mas dá uma ideia do que o seu médico precisará de saber antes do inicio do tratamento. A questão principalé informar o seu médico acerca de todas as doenças médicas, medicações, etc., mesmo que sejam administradas por outros médicos. Se não está seguro se certos factos devem ser mencionados, exponha-os e deixe o seu médico decidir se são importantes. Sem tal informação o seu médico terá dificuldade em tratá-lo segura e eficazmente.
O que é o consentimento informado? O seu médico explicar-lhe-á os benefícios e riscos da ECT e das outras terapias alternativas, assim como, também lhe explicará como são realizadas as sessões de ECT. Assim que se sentir completamente esclarecido acerca do tratamento, ser-lhe-á pedido que assine um documento dando o seu consentimento voluntário e informado.
O que é que acontece durante a Electroconvulsivoterapia? As sessões de ECT são inteiramente supervisionadas por um médico. Antes da sessão ter início é normalmente administrada uma injecção com um medicamento que diminui as secreções das membranas mucosas da boca e faringe, para que o excesso de saliva não interfira com a respiração.
Um pequeno tubo (catéter) é inserido numa veia do braço ou mão de modo a poderem ser administrados medicamentos de uma forma indolor. São depois colocados eléctrodos na cabeça do doente de modo a poder ser realizado o tratamento e de modo a monitorizar a actividade eléctrica cerebral. Dependendo das circunstâncias, os eléctrodos estimuladores podem ser colocados de um ou dos dois lados da cabeça (unilateral ou bilateral, respectivamente). São colocados outros eléctrodos para monitorizar a actividade cardíaca. É administrado oxigénio ao doente antes, durante e uns minutos após o procedimento. Através do catéter colocado na veia é administrado um fármaco que adormece o paciente por um curto período de tempo. O doente permanece inconsciente durante todo o procedimento. Outro fármaco, um relaxante muscular é administrado através do catéter. Assim que este último medicamento atinja o seu efeito, o cérebro é estimulado com uma pequena descarga eléctrica. O tempo durante o qual esta descarga ocorre varia de um quarto de segundo até dois segundos. Esta estimulação cerebral provoca uma “crise epiléptica” que geralmente dura de 30 a 60 segundos. Durante esta “crise epiléptica” não ocorrem os espasmos e contracções musculares típicas da verdadeira epilepsia devido ao efeito do medicamento relaxante muscular.
Todo o tratamento dura apenas uns poucos minutos. O doente é vigiado e acorda lentamente após o seu termo. Sensações de sonolência e confusão, algumas dores musculares (como após exercício fisico vigoroso) e dores de cabeça podem ocorrer após o tratamento. Estes sintomas em regra são ligeiros e transitórios. Devido à ideia divulgada entre a população de que uma “crise epiléptica” é prejudicial para a saúde, é importante clarificar que a “crise” induzida por ECT não é lesiva. De facto, estudos demonstraram que é esta crise modificada que fornece os benefícios da Electroconvulsivoterapia.
Os efeitos secundários da Electroconvulsivoterapia
Quais são os efeitos secundários da Electroconvulsivoterapia ?
Como qualquer tratamento, a ECT pode causar efeitos secundários. É importante que o médico assistente conheça todos os efeitos secundários que possam ocorre de modo a combatê-los eficazmente. Alguns efeitos secundários são desconfortáveis, mas desaparecem com o tempo. Outros são potencialmente perigosos, daí a necessidade de acompanhamento do doente durante e após o tratamento, de modo a detectá-los precocemente e intervir na altura em que mais facilmente são controlados. A função cardíaca, a tensão arterial, a respiração e a oxigenação sanguínea são vigiadas por um médico, geralmente um Anestesista, durante a sessão. Se ocorrer alguma complicação existe sempre ajuda médica disponível.
Quais são os efeitos secundários imediatamente após a Electroconvulsivoterapia ?
Logo após o tratamento os doentes podem sentir-se sonolentos, confusos e podem queixar-se ainda de dores musculares, náuseas ou dor de cabeça. A confusão mental pode ocorrer durante um curto período de tempo após o doente acordar, mas normalmente desaparece dentro de poucas horas. A memória para acontecimentos recentes pode estar comprometida. Também, a capacidade de reter nova informação (aprendizagem) pode estar comprometida durante o tratamento. Na maior parte dos doentes, as dificuldades de memória e de aprendizagem remitem rapidamente e desaparecem completamente uma ou duas semanas após a conclusão do tratamento.
Existem efeitos secundários mais persistentes ?
Alguns efeitos secundários podem persistir por mais tempo após o tratamento. O esquecimento de acontecimentos que ocorreram antes e durante o tratamento podem ocorrer (o mais frequente é as pessoas não se conseguirem lembrar dos acontecimentos que aconteceram durante as semanas de tratamento com ECT). Pode ocorrer uma redução temporária na capacidade de aprendizagem e de reter nova informação. Apesar da memória e capacidade de aprendizagem regressarem ao normal poucas semanas após a conclusão do tratamento, alguns doentes mostram grande preocupação com a perda destas capacidades, ainda que estas sejam temporárias. Outros não se preocupam com estas alterações. A maioria dos doentes refere que a capacidade de concentração de facto aumentou, pois a falta de concentração é um sintoma frequente de depressão.
Problemas de memória que se mantenham por períodos superiores a algumas semanas não foram demonstrados por testes neuropsicológicos objectivos. Apesar de tudo existem doentes que receberam ECT e referiram perda de memória e dificuldade de aprendizagem que persistiram meses. Alterações da memória e aprendizagem que se mantenham a longo prazo, podem ser um muito raro efeito secundário do tratamento. Assim como com outros tratamentos ocorreram óbitos associados à ECT, mas isto é muito improvável. O risco de morte é apenas de 1 em cada 100.000 tratamentos, menor do que o risco de morte associado a um tratamento dentário com anestesia para extracção de um dente do “ciso”.
Existem efeitos secundários para os quais o médico deva ser contactado imediatamente ?
SIM ! Convulsões espontâneas – num número muito reduzido de doentes tratados com ECT (1 em cada 2.000) uma convulsão espontânea pode ocorrer. Estas convulsões espontâneas podem ocorrer dias, semanas ou meses após o tratamento. Estas crises são muito parecidas com uma crise epiléptica e são geralmente reconhecidas pela perda de consciência, movimentos corporais (convulsões) e/ou perda de urina. O seu médico deverá ser contactado o mais rápido possível após qualquer convulsão.
Dores de cabeça – Durante a ECT é induzida uma convulsão modificada, e podem ocorrer dores de cabeça após o tratamento. Se sentir uma forte dor de cabeça após ECT, informe a sua enfermeira ou médico para que lhe seja prescrito tratamento. Se ocorrer efeitos colaterais como estes ou outros que sejam particularmente desconfortáveis, informe o seu médico. A maioria dos problemas é controlada com medidas simples.
Será a Electroconvulsivoterapia o melhor tratamento para a depressão grave ?
Normalmente a depressão grave é tratada com medicamentos antidepressivos. Se estes fármacos não forem eficazes pondera-se a utilização da electroconvulsivoterapia.
A experiência de muitos médicos e doentes (previamente tratados com ECT para depressão) demonstra que a ECT é um tratamento muito eficaz e tem muitas vantagens sobre outros tipos de terapêuticas. A acção da ECT é rápida permitindo uma mais rápida inserção na vida laboral do que outros tipos de tratamento. Tem uma mais alta taxa de sucesso do que outras abordagens terapêuticas.
A ECT é o tratamento de escolha quando existe ideação suicida grave visto as tentativas de suicídio serem menores após o inicio do tratamento. Na depressão psicótica (condição em que existe perda de contacto com a realidade com alucinações e ideias delirantes ), a ECT é mais eficaz do que os medicamentos antidepressivos, que têm de ser utilizados em altas doses e frequentemente em associação com antipsicóticos, atingindo uma eficácia terapêutica menor e mais tardia.
É dolorosa ?
Não. Antes do início da ECT, o doente é anestesiado. Como numa intervenção cirúrgica, o doente está inconsciente durante o procedimento e portanto não sente qualquer dor. Contudo, dor de garganta, dores musculares, fadiga e dores de cabeça após o tratamento podem causar algum desconforto.
Causa lesões cerebrais permanentes ?
Estudos realizados em doentes deprimidos usando Tomografia Axial Computorizada (TAC) e Ressonância Magnética Nuclear (RMN), em doentes antes e depois do tratamento, não encontraram associação entre o tratamento com ECT e lesão estrutural cerebral. Note-se que muitos doentes, especialmente os idosos, apresentam anomalias cerebrais antes do inicio do tratamento com ECT.
Enquanto que, mesmo as mais modernas técnicas de imagiologia cerebral, não são suficientemente sensíveis para determinar lesões microscópicas no cérebro; é animador saber que todos os dados científicos apontam para que este tipo de tratamento seja bastante seguro.
Porque é que alguns doentes tratados com Electroconvulsivoterapia ficaram descontentes com este tipo de tratamento ?
Alguns doentes tratados com ECT referiram perda de memória persistente e diminuição da sua capacidade de aprender, mesmo quando a perda destas capacidades não é detectada por testes objectivos. Continua a ser investigado se a perda persistente de memória é mesmo consequência do tratamento com ECT.
Alguns doentes que receberam ECT sentem que foram “forçados” a fazer este tipo de tratamento. Também alguns doentes mostram-se descontentes por este tipo de tratamento não lhes ter trazido benefícios.
É usada para acalmar doentes ?
Não! A ECT não é usada para acalmar ou “pacificar” nenhum doente, nem para controlar criminosos ou qualquer pessoa que tenha ideias ou crenças impopulares ou controversas. Este tratamento é principalmente usado no tratamento da depressão grave e com menor frequência é usado na Mania ou Esquizofrenia. Infelizmente a ECT continua a ser vista de uma forma negativa por muitos indivíduos. Este facto deve-se fundamentalmente aos efeitos secundários severos que no passado ocorriam com este tratamento, mas também a no passado serem usados para doenças que hoje se sabe não terem indicação e ainda devido à maneira como é retratado no cinema e televisão. Infelizmente, este tratamento bastante benéfico, tem sido injustamente estigmatizado.
Pode alguém ser submetido a Electroconvulsivoterapia contra vontade ?
Não. Por lei, o direito do doente aceitar ou recusar este tratamento, tem que ser sempre respeitado. A ECT só pode ser administrada quando o doente está totalmente informado acerca do procedimento, dos seus benefícios e possíveis riscos (incluindo informação acerca de possível confusão mental e perturbações de memória após o tratamento); o doente deve ainda ser informado acerca de outras opções terapêuticas. Assim que o doente esteja completamente informado e aceda a esta medida terapêutica, é-lhe pedido que assine um documento a dar o seu consentimento informado. Ao assinar este documento, que permite a realização deste tratamento, o doente não é obrigado a iniciá-lo ou mesmo a continuá-lo se assim o entender. O doente é livre de abandonar a terapêutica com ECT se assim desejar. Em raras situações de grande gravidade da doença, um Juiz de Direito pode fornecer o consentimento pelo doente, desde que este não esteja em condições de dar um consentimento informado.
E se a Electroconvulsivoterapia não for eficaz ?
Infelizmente, e como em qualquer tratamento, a ECT não é eficaz em todos os casos. Contudo este tipo de terapêutica não deve ser considerada de última linha, e doentes que não responderam a ECT são frequentemente tratados com sucesso com outras abordagens.
E se eu estiver a fazer uma dieta especial ?
Qualquer dieta equilibrada não levanta qualquer problema à realização da ECT. Geralmente suspende-se a alimentação (sólida e liquida) na noite da véspera do tratamento. A maioria dos doentes é capaz de ingerir uma refeição normal uma ou duas horas após a sessão de ECT.
Posso beber bebidas alcoólicas enquanto estiver em tratamento com ECT ?
A ingestão de bebidas alcoólicas entre as sessões de tratamento geralmente não é recomendada. Podem ocorrer excepções, mas só com autorização do médico.
Será perigoso tomar medicamentos enquanto estiver em tratamento com ECT?
Pode ser perigoso tomar certos medicamentos durante o tratamento com ECT. É fundamental que o doente informe o seu médico acerca de qualquer medicação que esteja a fazer. Não é aconselhável tomar Lítio durante a ECT, mas este facto permanece controverso. Geralmente reduz-se a dose do Lítio durante o tratamento.
E se eu tiver que ir a outro médico ?
Se consultar outro médico ou for seguido por outra doença médica, informe os profissionais envolvidos que está a ser sujeito a tratamento com ECT. Este facto garante a segurança e eficácia da ECT, além de impedir que o tratamento com ECT não interfira com outras intervenções médicas. Não tome por princípio que o tratamento com ECT só é importante para o médico que o está a administrar.
Para aprofundar este tema consulte:
http://www.adeb.pt/pages/electroconvulsivoterapia
Informação Dirigida a Profissionais de Saúde
Doença Bipolar - Aspectos Terapêuticos
Esquizofrenia - Dimensões e Aspectos Terapêuticos
Esquizofrenia - Aspectos Terapêuticos
Electroconvulsivoterapia (ECT) no Tratamento da Doença Bipolar
Protocolo de Tratamento de Doentes Agitados na Urgência
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Antipsicóticos
Esta informação apenas se destina a fins de divulgação ciêntifica e não substitui uma consulta médica.